O Berrante: Uma Sinfonia Sertaneja que Rompe Horizontes

Postado em 16/11/2023

No vasto cenário do sertão brasileiro, entre o poeirento chão e o céu infinito, o berrante ecoa como uma sinfonia que transcende o tempo. Esse instrumento peculiar, feito de chifres bovinos entrelaçados com tradição e nostalgia, é uma peça central na rica tapeçaria da cultura sertaneja.

A história do berrante remonta aos tempos em que os vaqueiros, verdadeiros desbravadores dos sertões, buscavam meios de comunicar-se através das vastidões das fazendas. Com a habilidade de extrair sons únicos e distintos, o berrante se tornou o meio de comunicação por excelência, transmitindo ordens, chamados e até mesmo expressando sentimentos que palavras não poderiam captar.

Cada toque no berrante conta uma história, seja anunciando a chegada do gado, convocando os vaqueiros para o trabalho árduo ou celebrando vitórias e conquistas. O som característico do berrante é uma linguagem própria, compreendida e respeitada por aqueles que têm a terra no sangue.

Tocar o berrante, entretanto, não é apenas produzir notas, mas sim conduzir uma sinfonia que conecta o homem à natureza e aos animais. A técnica envolve pressionar os lábios contra a borda do chifre, criando uma abertura por onde o som é projetado. O berranteiro, com maestria, controla a intensidade e o tom, criando uma melodia que ressoa pelos vales e montanhas.

A tradição de tocar o berrante é passada de geração em geração, carregando consigo o peso da história e o orgulho de preservar uma parte essencial da cultura sertaneja. Hoje, o berrante não apenas permanece como uma ferramenta prática, mas também como um símbolo de identidade, uma expressão única da alma do sertão.

No entanto, o berrante vai além de uma simples ferramenta de trabalho; é uma expressão artística que encanta e emociona, conectando aqueles que o ouvem com as raízes profundas da tradição sertaneja. Cada nota ressoa como um tributo à coragem e à resiliência dos vaqueiros, que, através do som do berrante, continuam a escrever a história única e inconfundível do sertão brasileiro.

Tipos de toque

Com o toque do berrante, os animais acompanham os comandos do boiadeiro. E tem vários sons diferentes, que, na lida, significam cada um uma coisa. A boiada, então, obedece conforme o que escuta.

O toque de solta ou saída é o que desperta o rebanho de manhã. Enquanto o capataz conta a boiada, o berranteiro faz o toque, que é contínuo e calmo.

O estradão é tocado quando os bois estão na estrada e é para dar uma animada na bicharada, depois de um longo caminho. É um toque repicado.

O rebatedouro é para alertar que tem perigo por perto ou para chamar um peão que está no meio da boiada para vir junto com o ponteiro, pedindo reforço para evitar que a boiada se separe.

A queima do alho é um dos toques mais conhecidos e esperados também! Avisa os boiadeiros que é hora do rango.

Por último, tem o floreio, que é para distrair a comitiva, pode ser uma moda, tanto faz, daí o berranteiro tem que usar é o talento mesmo! Pois é, o berrante é tão importante para cultura sertaneja que, desde a primeira edição da Festa do Peão de Barretos, tem concurso para homenagear os melhores berranteiros do país, além de manter viva essa tradição sertaneja.